Recém chegada de Montevideo, capital do Uruguai resolvi escrever sobre a gastronomia local desta cidade extremamente agradável de visitar.
Basicamente o cartão postal de acesso a Montevideo encontra-se na orla banhada pelo rio del plata que pode-se percorrer pela rambla (calçadão) a pé, de bike, ou de carro. Cada percurso da rambla recebe o nome do bairro delimitando o zoneamento da cidade entre moderna e a velha divididas pela Puerta de La Ciudadela em La Plaza da Independência
Cada bairro possui as suas particularidades sendo marcado por muitos parques super bem conservados, ruas calmas sem trânsito, ar puríssimo com clima europeu.
A cidade oferece muitos passeios entre vinícolas, cidades próximas (Colina do Sacramento, Punta del Este e Rota das Oliveiras). Este passeio em especial comentarei com vocês, pois visitei uma plantação de olivicultura, em especifico a Colina de Garzón onde pude conhecer pessoalmente a produção do azeite.
COLINA DE GARZON - AZEITE EXTRA VIRGIM
Alugamos um carro de Montevideo (US 70) para passar o dia – conhecer Punta del Este que fica somente 140km de Montevideo ( Casa Pueblo do artista Carlos Paez Vilaro e Los dedos que representa a receptividade dos uruguaios aos turistas – cartão postal da cidade) e depois visitar a oliveira que fica 30 minutos de Punta.O passeio na colina custa US 50 e demora em torno de 2hs dividida em 3 partes: explicação da produção, visita as oliveiras e depois degustação dos azeites com queijos e pães especiais e vinhos produzidos na própria colina.
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O Uruguay produz mais de 30 variedades de tipos de azeitonas mas principalmente em maior quantidade a arbequina, a coratina, barnea, picual, frantoio e leccino gerando
blends singulares e complexos e determinando como o vinho um tipo de azeite para cada tipo de prato porém diferentemente deste de quanto mais velho melhor, quanto mais jovem a azeitona melhor as suas propriedades
Curiosidade
- A cor da azeitona é determinada pelo seu amadurecimento e não pelo seu tipo. Os frutos das azeitonas a princípio são verdes e quando maduros variam do violáceo e preto e que a uva amadurecida conserva melhor os seus componentes entre os quais os polifenois agliconados caracterizado pelo flavour irresistível do odor característico do azeite preferencialmente extra virgem pois é o único que não é extraído por solventes mas sim obtido pela compressão da oliva a frio o que não altera a natureza da semente
- O azeite é rico em substâncias fenólicas (oleroupenia aglicona, hidroxitirosol e tirosol) apresentando efeito benéfico e protetor contra a neurodegeneração e doenças inflamatórias como na doença de Alzheimer, obesidade, diabetes tipo 2, hepatite não alcoólica resultando em melhora notável de sinais patológicos e diminuição do estresse oxidativo. Pesquisas mostram que a inclusão de azeite nas refeições reduz depósitos de Aβ42 ( proteína beta amilóide presente na doença de Alzheimer) no cérebro de ratos jovens e de meia idade, pela sua capacidade de inibir a formação de proteína amilóide ganhando potencialmente um status de alimento multitargeting.
- Dos países da América do Sul, o Brasil é o maior importador de produtos de oliveira, sendo a Argentina um dos maiores fornecedores, além da Espanha e de Portugal (PIO et al., 2005). Nos últimos anos, a olivicultura passou a despertar interesse entre produtores rurais, principalmente no sul de Minas Gerais (OLIVEIRA et al., 2006).
C
omo escolher um bom azeite
- Opte sempre pela garrafa escura do verde ao marrom para protegê-lo da luz, não oxidar e não acelerar a sua deterioração. O seu consumo deverá ser preferencialmente antes de 1 ano em temperatura ambiente
- Não se recomenda transferir o azeite de um recipiente para outro – azeiteiras, galheteiro, recipientes transparentes. Sua limpeza é difícil e pode contaminar o azeite original deixando um gosto de ranço
- O azeite muito verde não se deve unicamente a azeitonas verdes e sim a um agregado de clorofila artificial e portanto não tão genuíno
Dicas
- Utilize manteiga de azeite pois na temperatura baixa ele se solidifica podendo substituir pela manteiga e/ou margarina
- Utilize com chimichurri ou molho a vinagrete a moda uruguaia – ao invés de tomate utilizar pimentão verde e vermelho ou puro com pão italiano, torradas, cream cheese ou com a combinação de sua preferência
Você sabe fazer degustação de azeite?
- É simples assim - coloque 15ml de aceite em um potinho, depois gire de modo a mover o azeite pela suas paredes, tome em pequenos goles(3ml) deixando-o deslizá-lo vagarosamente através de assopros para cima com a cabeça para trás
Referência Bibliográfica
ANGELIS, Rebeca – Novos conceitos em Nutrição Reflexões a respeito do elo dieta e saúde -
V. 38 - no. 4 - out./dez. 2001 Arq Gastroenterol
PAULUS – Avaliação do crescimento inicial de Oliveira “arbequina” em diferentes manejos do solo e dosagens de fósforo – dissertação de mestrado Santa Maria RS, Brasil
Huber et AL – Olivos Y Aceites de Oliva Del Uruguay antigua Tradicion, junio 2014
VINHO OU CERVEZA?

O vinho do Uruguai é elaborado com a uva tannat, que torna o vinho tinto mais encorpado pois possui muito tanino que para ser mais palatável precisa amaciar com muito envelhecimento em madeira e garrafa.
O Uruguay e a Califórnia são os únicos a investir na uva tannat dentre os rótulos comercializados nestes países.
As cervezas mais comuns no Uruguai são a Patricia, Zillertal, Grolsch, Valconica, Golden, Pilsen, Stella Artois.
Pelo paladar particularmente preferi as cervejas pois no vinho com muito tanino (funcionam como agentes imunológicos e repelentes de praga), provoca sabor de adstringência e amargor.
Vinho tânico torna-se mais atrativo com o passar do tempo onde esses elementos se desnaturam tornando-o mais fácil de beber. Uma dica é colocar no copo e esperar um pouco para beber
Em relação aos benefícios são similares, porém a quantidade precisa ser diferente.
VINHO
De acordo com as premissas da dieta mediterrânea, pequenas quantidades de álcool normalmente têm efeito vasodilatador (induz a produção de óxido nítrico) e antioxidante ( devido a presença de polifenóis). O consumo leve a moderado de vinho tinto contendo polifenóis como o resveratrol, a antocianina, ácido elágico, catequina, quercetina, pterostilbeno - inibem a agregação plaquetária e reduz a inflamação sistêmica dos vasos sanguíneos e a oxidação de gorduras pelos radicais livres podendo ter uma ação neuroprotetores.
Em contrapartida o consumo excessivo pode levar ao alcoolismo que é um dos fatores que mais afeta a memória especialmente a memória de curta duração, o que prejudica a habilidade de reter novas informações. Já o consumo crônico pode ter efeitos deletérios importantes dentro do organismo além de atacar os hepatócitos e o seu acúmulo causar morte neuronal (BARBOSA, 2010; CUNHA,2004,MACHADO,2006;ZALESKI,2004).
Atenção ao consumo precoce e abusivo por adolescentes, a idade de início do uso tem sido cada vez menor aumentando o risco de dependência, queda no desempenho escolar com dificuldade de aprendizagem e prejuízo na memória.
CERVEZA
As mais comuns no Uruguai são a Patricia, Zillertal, Grolsch, Valconica, Golden, Pilsen, Stella Artois.
Do ponto de vista nutricional, a cerveja contém quantidades significativas de compostos fenólicos como (acido ferúlico, procianidinas, epicatequinas e xanthohumol) de vitaminas do complexo B (ácido fólico, riboflavina) e minerais (selênio e silício).
A capacidade antioxidante da cerveja é comparável à do vinho branco (200-300mg/l), mas inferior a do vinho tinto (1000-4000mg/l polifenol)(VOLP) Por outro lado, dados recentes mostram a presença do flavonóide xanthohumol encontrado no lúpulo e que tem recebido mais atenção nos últimos anos por possuir moléculas poderosas com alta capacidade antioxidante ativadores do BNDF responsável em promover neurogêneses, neuroregeneração e neuroproteção nas doenças crônicas neurodegenerativa, alterações cognitivas associadas a idade, distúrbios do humor além de apresentar propriedades anti estrogênicas, anti inflamatórias e anti cancerígenas.
Outra substância também não tão comentada, mas presente na cerveja é o silício que segundo as pesquisas possui também efeito neuroprotetor para evitar a excitotocidade.
Diversos estudos mostram que compostos fenólicos presentes na cerveja conferem capacidade de seqüestrar radicais livres que causam dano ao DNA e protegem o organismo contra os efeitos genotóxicos de aminas heterocíclicas*
Amina heterocíclicas = são substâncias tóxicas produzidas durante a exposição de alimentos a altas temperaturas. Muitas são formadas ao assar, fritar ou cozinhar alimentos por longo período, principalmente os ricos em proteínas, como carnes ( churrascos) e pescados
Dados epidemiológicos demonstram que indivíduos que consomem bebidas alcoólicas fermentadas moderadamente apresentam níveis elevados de HDL apresentando, portanto em seu consumo maior atividade antioxidante.
Aqui vale lembrar que o consumo deverá ser de no máximo 30 ml de etanol (2copos/dia) para homens e 15 ml para mulheres (1copo/dia) e quem nunca consome não deve ser estimulado a fazê-lo.
Apesar de o álcool fornecer calorias (uma dose de bebida alcoólica contém de 70 a 100kcal) estas são desprovidas de nutrientes como minerais, vitaminas e proteínas.
Muitas pessoas que bebem em excesso podem debilitar o estado nutricional provocando diminuições significativas da ingestão de nutrientes como: Vitamina A, Vitaminas do complexo B (tiamina (B1), riboflavina B2, niacina (B3) piridoxina (B6) e ácido fólico(B9) e Vitamina C.
Nestes casos, é sensata a recomendação de alimentos fonte para reposição das perdas e dieta completa embora isto não evite uma eventual lesão cerebral decorrente da toxicidade direta do álcool devido ao seu efeito neurotóxico.
Referência Bibliográfica
BARBOSA K .Estresse oxidativo: conceito implicações e fatores modulatórios Rev Nutr vol23, n4 p 629-643, 2010.
CUNHA P J; NOVAES M A. Avaliação neurocognitiva no abuso e dependência do álcool: implicações para o tratamento Rev Bras Psquiatr vol 26, suppl 1 p 23-27,2004
LOPEZ M. Resveratrol um polifenol neurporteor na dieta mediterrânea Rev Neuro 54(6):349-56l 2012
RODRIGUEZ, M. AlImeNto Funcionales y Nutricion Optima Rev Esp Salud Publica vol77n 3 Madrida May/Jun 2003
GASTRONOMIA
Os pratos mais típicos são o chivito e a parrilla
O chivito é o hambúrguer uruguaio – é um sanduíche com recheio de bacon, queijo, presunto, ovo e carne acompanhado de batatas fritas e mostarda. O chivito pode-se comer em qualquer lugar pois é muito comum

A parrilada é o churrasco, porém ao invés das grelhas serem horizontais elas são na diagonal para que a carne não absorva a gordura e torne mais saudável para o consumo

Melhor lugar para comer: Mercado del Puerto (possui diversos restaurantes) que servem carne de boi e cordeiro assado sobre fogo a lenha, bem como chorizo e mortillas. Outro lugar é na calle San Jose – possui vários restaurantes que servem parilla - muy bueno!
Outra especialidade imperdível são as empanadas e também não podemos esquecer dos alfajores e muita sobremesa a base de doce de leite.
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