ALZHEIMER

É curioso, mas viver consiste em construir recordações futuras
Ernesto Sábato
No âmbito da saúde mental, dados epidemiológicos desafiam a ciência de modo a quantificar o diagnóstico da população com declínio cognitivo daqueles portadores de demências, pois estas já representam um problema de saúde pública crescente e são uma das causas mais importantes de morbi-mortalidade.
O processo do declínio cognitivo é bastante complexo por não possuir um marcador biofisiológico de seu início, porém é importantíssimo avaliar os sinais e sintomas do indivíduo e saber distinguir a senescência (resultado de alterações orgânicas funcionais e psicológicas própria do envelhecimento normal) da senilidade (caracterizada por modificações determinadas por afecções que freqüentemente acomete o idoso), ou seja, é preciso diferenciar o envelhecimento normal do patológico para que as intervenções sejam adequadas e mais eficazes.
E O QUE É A DOENÇA DE ALZHEIMER?
A doença de Alzheimer (DA) é uma desordem neurodegenerativa caracterizada pela perda progressiva da memória e de outras habilidades cognitivas, patologicamente por perda neuronal severa, formação de placas de proteínas β amilóides, rodeadas de terminações nervosas degeneradas e de emaranhado neurofibrilar.
A alteração da proteína B amilóide (Ap) tem sido considerada o principal gatilho para disfunção sináptica e tem sido portanto o principal alvo para a intervenção terapêutica.
A etiologia exata da DA permanece em grande parte desconhecida, porém a maioria dos pesquisados concordam que é uma doença multifatorial na qual estão inclusos componentes genéticos e fatores ambientais.
Novas pesquisas científicas já estão em andamento para utilizar a proteína β amilóide e a tau que falarei mais a frente como marcadores, mas por enquanto esta hipótese está restrita ao campo de pesquisa.
Apesar dos avanços da medicina, a Doença de Alzheimer não têm cura, mas ao mesmo tempo não mata. A maioria dos tratamentos farmacológicos e não farmacológicos existentes hoje têm a finalidade de aliviar os sintomas existentes permitindo apenas uma progressão mais lenta da doença.
E como saber se você tem problema de memória?
Observar como está a sua memória - fraca, regular ou ruim, poderá ajudá-lo a fazer uma auto análise para quantificar a intensidade, repetição e duração do esquecimento.
O melhor termômetro é avaliar a predisposição genética (3% dos casos são herdados de forma autossômica dominante – início precoce antes dos 60 - 65 anos e nos demais 97% o risco aumenta com o histórico familiar, caracterizando com início tardio – após 60-65 anos) e influências dos fatores de risco cerebrovascular (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemias, obesidade, sedentarismo, tabagismo e etilismo) que discorrerei neste livro. Além disso, avaliar a sua idade (de modo geral o esquecimento patológico surge a partir dos 50), a fase da vida (estar bem de saúde e bem resolvido com suas questões particulares), grau de stress (econômico, político, financeiro, pessoal, profissional e familiar – problema de saúde e luto).
CAUSA
A programação genética pode limitar a duração máxima da vida, mas, fatores ambientais e estilo de vida, podem afetar o quanto uma pessoa pode estender esse prazo, ou seja, cada fase da vida é influenciada pelo que a antecedeu e irá afetar o que virá a ocorrer.
Compreender a importâncias dos fatores ambientais pode portanto contribuir para construir uma reserva cognitiva de longo prazo para apoiar o funcionamento do cérebro em situações desafiadoras como no envelhecimento ou na doença.
Na prática a DA está associada à:
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Deposição da proteína β amilóide (Aβ40 Aβ42) em placas senis
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Acumulação intracelular de Tau
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Redução de acetilcolina
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Atrofia cerebral grave (hipocampo, lobo frontal e temporal) com perda gradual dos neurônios
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Presença de áreas de inflamação crônica
Qual é o momento atual de sua vida? Essa pergunta é fundamental para diferenciar um apagão eventual de um definitivo.
De modo geral podemos dividir o grau de esquecimento em três estágios: leve, moderado e grave.
SINAIS E SINTOMAS
Estágio leve
A fase leve do esquecimento é a que basicamente todos nós apresentamos em algumas situações ou momento de nossas vidas e que alteram a memória recente:
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Esquecer número de telefone
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Perder pertences pessoais - óculos, chaves do carro, caneta, celular, carteira
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Não lembrar o que comprar no supermercado
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Esquecer de dar um recado
Estágio Moderado
Apresenta-se como dificuldade mais evidente com atividades do dia a dia como:
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Não lembrar o dia da semana, mês, ano, data de nascimento, datas de aniversário
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Esquecer nome de pessoas próximas
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Esquecer fogo aceso e ferro ligado
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Esquecer de tomar remédio (dose, tipo e horário)
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Incapacidade de viver sozinho, de cozinhar, de cuidar da casa, de fazer compras
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Necessidade de ajuda para higiene pessoal
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Alterações de comportamento (repetição de perguntas e distúrbios do sono)
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Dependência de pessoas
Estágio Avançado
É o estágio da dependência total e da inatividade. É o momento da presença integral do cuidador, serviço de
home care ou de internação em casas assistencialistas
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Incapacidade de registro de dados
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Incapacidade de se comunicar
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Dificuldade de deglutir e alimentar-se
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Dificuldade em reconhecer parentes, amigos e familiares e locais conhecidos
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Dificuldade de orientar-se dentro de casa (perde-se em casa e fora dela)
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Incontinência urinária e fecal
De uma forma simplista, o esquecimento faz parte da vida, portanto a perda de memória preocupante só deve ser considerada quando representar grande prejuízo na vida cotidiana. Apenas nesta situação é imperioso procurar ajuda de um profissional para que o limite entre o normal e o patológico possa ser estabelecido com segurança.
DIAGNÓSTICO
Analisando didaticamente os estágios acima citados, o diagnóstico definitivo dependerá de uma série de exames, pois na prática, apenas o déficit de memória é insuficiente para classificação epidemiológica. O National Institute of Neurologic Communicative Disorders and Stroke – Alzheimer Disease and Related Disorders Association (NINCDS - ADRDA) refere que o diagnóstico do declínio cognitivo deve ser clínico, comprovado por:
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Anamnese dos problemas atuais e do nível de funcionamento cognitivo (MEEM – Mini Exame do Estado Mental )
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Exames e testes neuropsicológico, psíquico comportamental e físico, buscando sinais sugestivos de doenças sistêmicas associadas
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Exames laboratoriais'
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Eletroencefalograma quantitativo e mapeamento cerebral
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Exames de neuroimagem (tomografia computadorizada do crânio ou ressonância magnética)
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Exame do liquor
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Exames de genética²
EXAMES EM PERSPECTIVA
Exame laboratorial
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Neural thread protein – proteína de cadeia neural (NTP) (urina) - associada a severidade e progressão acelerada da DA
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Lisoprostana 8,12 – iso-iPf2A-VI (liquor, sangue e urina) -indicador do estresse oxidativo cerebral
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²Exame genético
Os avanços na tecnologia da biologia molecular têm sido tão rápidos que o número de testes genéticos disponíveis, tanto para características normais como patológicas, estão aumentando dia a dia. Enquanto questões éticas a ela relacionadas estão sendo debatidas no âmbito acadêmico, os laboratórios estão disputando a possibilidade de desenvolver e aplicar testes de genotipagem ("fingerprint" ou impressões genéticas) da população que irão revolucionar a medicina principalmente na área da prevenção.
Atualmente os exames genéticos existentes para diagnóstico de Alzheimer são:
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Apo E (apoliproteína) – confirma o diagnóstico da hiperlipoproteinema (componente genético) e da doença de Alzheimer de inicio tardio em pacientes sintomáticos
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Pré senilina (PS1/PS2) – rastreia a mutação do gene PS1 e PS2 que está relacionado à doença de Alzheimer familiar de início precoce (a partir dos 50 anos)
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Proteína TAU - amostra do LCR (líquido cefalorraquidiano)
Todos esses exames são importantes para diagnóstico etiológico da demência , porém há necessidade de novos estudos para validar os critérios de comprometimento cognitivo leve associado à biomarcadores, assim como critérios do estágio leve da DA (PIVI)
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